quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

AVAREZA


       




     

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Coleção
"Plenos Pecados"
Editora Objetiva


Avareza
Ariel Dorfman


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Satsang de Prem Baba
proferido na India - 2010


HARMONIZANDO-SE COM AS LEIS DA MATÉRIA - PROSPERIDADE


Pergunta: Querido Prem Baba, estou em dualidade. Sou professor de yoga e meus professores,

nos ensinamentos, sempre deixam claro o desapego, mas vejo os cursos muito caros, o dinheiro
sempre está em primeiro plano, com carros e celulares do ano. Eu fico em conflito porque
não sei se cobro o valor do curso como no mercado, afinal também tenho contas para pagar,
mas ao mesmo tempo me sinto culpado por achar esse dinheiro indevido, pois devo praticar o
desapego. O que faço?
Prem Baba: Em relação aos seus professores eu nada posso dizer, mas como é possível
renunciar algo que você não possui? Como é possível abrir mão de algo que você ainda não
teve? Essa é uma questão importante a ser compreendia: você somente pode renunciar aquilo
que tem. Só pode abrir mão daquilo que você já conquistou.


Quando eu me refiro a colocar Deus em primeiro lugar eu não estou lhe dizendo para negar a

matéria. Eu não estou dizendo que você deve negar o dinheiro. O que eu estou dizendo é que
o dinheiro é uma conseqüência da sua presença. Se você está inteiro no que está fazendo, se
está a serviço do amor, se de fato está manifestando no mundo o propósito do seu coração, é
natural que as suas necessidades sejam atendidas. Se você pode realmente se libertar do medo
da pobreza dentro de você, não tem porque a pobreza te assombrar. Então, inevitavelmente
você se harmoniza com as leis da prosperidade. A abundância lhe visita e ela se torna um
instrumento do coração. Ela também está a serviço do propósito divino. E não mais a serviço
de acumular para agregar valor a sua falsa idéia de eu. Ela não é mais um instrumento de poder
sobre o outro.


Você só se harmoniza com as leis da prosperidade quando pode se libertar do medo da pobreza

que faz você perseguir o dinheiro e colocá-lo em primeiro lugar, o que pode, durante uma
fase da sua encarnação até fazer com que você acumule alguma coisa, mas não significa que a
prosperidade lhe visitou. Porque ter coisas não significa ser próspero. O fato de você ter não
significa que você se harmonizou com as leis da abundância. Você tem e está querendo ter
cada vez mais para fugir do medo de ficar sem. Você ainda é uma vítima do medo da escassez.
Então, o seu Deus é o dinheiro. Você quer ter para se sentir alguém, para se sentir pertencendo,
incluído… Porque o dinheiro agrega valor a sua idéia de eu. “Se eu tenho, eu posso ter o que
eu quiser. Posso ter as coisas maravilhosas do mundo”. Mas, existe uma lei que determina que
todas as falsas construções, um dia, devem cair. Não importa o tamanho do império, um dia ele
vai cair se não houver lastro no coração. A abundância e a prosperidade nascem da plenitude
e a plenitude surge quando você se liberta do medo da pobreza e da escassez. Por mais que
você tenha acumulado com base no seu medo, um dia você vai ter que perder tudo para poder
encarar o seu medo de ser pobre até você deixá-lo e poder ser rico de verdade. Então, você
compreende que essa vida não é um shopping Center. Você não vem aqui para comprar; para
poder afirmar que é alguém com base no que acumulou.


É possível que a prosperidade e a abundância te visitem se você se libertou do medo da

escassez e experienciou a plenitude, então, todo o tesouro do universo está a sua disposição,
mas você não está apegado a nada porque sabe que não é seu. Está ali para você usar e servir
ao propósito divino. Essa é a verdadeira riqueza e a grande sabedoria. Você usufruir das belezas
do mundo, mas não ser escravo dele.


Há pouco tempo eu estava me deliciando com a história de Krishna e meu coração se encheu de

admiração por ele. Porque é muito difícil ser um rei acordado. Ser um mendigo acordado é fácil
porque você não tem nada. Mas, quando você tem tudo é mais difícil. Você tem tudo, mas não
se apega a nada. Esse é um grande desafio. Você só pode se desapegar daquilo que tem.


Esse mesmo princípio se aplica aos aspectos psicoemocionais. Eu ouvi feedbacks muito bons

em relação ao workshop sobre crenças que está sendo oferecido durante as tardes. Alguns
estão felizes com a possibilidade de se libertarem de algumas crenças limitadoras. Porque
você fica feliz com isso? Porque identificou e agora já pode abrir mão. Agora você identificou
e reconhece. Como poder abrir mão do que ainda não reconhece e ainda não identificou?
O mesmo nós falávamos sobre os relacionamentos afetivos. Falamos que é necessário
experienciar a reciprocidade no relacionamento. Reciprocidade é a sustentação do êxtase. É
quando os dois podem sustentar o coração aberto. Quando duas correntes de aquiescência
se encontram; duas correntes de amor se encontram. É dizer sim quando o outro diz sim. Isso
é abundância, é prosperidade. Essa prosperidade amorosa somente nasce da plenitude e a
plenitude só surge quando você pode se libertar pelo medo de amar que se manifesta nas mais
variadas maldades em relação ao outro; os mais variados jogos que te impedem de sustentar a
alegria do encontro.


Como você se livra de um jogo destrutivo? O primeiro passo é reconhecer. Como você vai

abrir mão de um jogo que ainda não identificou? Identificar é o primeiro passo. Por isso o
autoconhecimento é o primeiro passo. Você tem que estar disposto a se conhecer; disposto a
querer descobrir-se. Identificar todas as limitações e imperfeições para poder transformá-las e
abrir mão delas.


Embora o eu consciente faça essa escolha de abrir mão de um padrão negativo, ainda assim

é somente um sinal verde para que o Espírito Santo, a graça divina, se manifeste e realize o
milagre da renúncia. O sinal verde quem dá é você enquanto Eu consciente. Você é que pede
conscientemente por essa libertação. Você pede por essa conexão com o divino e só usa o
livre arbítrio nessa direção quando identificou e pode compreender profundamente as suas
limitações. Então, você pede conscientemente e escolhe fazer essa renúncia. Ela é o sinal
verde. Isso significa que você está querendo comprometer-se com o seu Eu maior, com o seu
Eu divino, com a verdade em si mesma. Esse sinal verde proporciona que a graça possa em
algum momento trazer a renúncia. Porque a renúncia não é um fenômeno da mente. Eu posso
passar a vida falando para você se desapegar, mas você ficará cada vez mais angustiado. Você
sabe que não renuncia com a mente. Você não consegue desapegar através de uma vontade
consciente. A renuncia é um fenômeno que se dá. O espírito da renúncia te pega e você larga
tudo. Ao mesmo tempo pode estar tudo ai. Depende do seu jogo divino, do plano da sua
alma. Alguns vão ficar pelados andando pelas margens do rio, passando cinza no corpo para se
defender do frio e do calor. Outros vão morar em palácios. Está tudo certo. Quem pode dizer
que está errado? Quem pode dizer que aquela renuncia é verdadeira ou falsa? Quem somos
nós para julgar? Só quem sabe é a pessoa porque enquanto a renuncia não for verdadeira, ela
é perseguida pela angústia. Assim é. Enquanto ela não se libertou do medo da escassez ela é
vitima da ansiedade, da angustia, da depressão e todos esses sintomas.


Então, você me pergunta “o que eu faço”? Primeiro você tem que compreender porque você

não quer cobrar as suas aulas de yoga. Primeiro você deve saber o que te move. Cobrar ou
não cobrar não é o mais importante. O importante é saber quem está cobrando e quem não
está cobrando e o motivo. Isso deve ser um ato consciente. Existe uma lei que determina que
você só pode sair quando chega. É a mesma lei que diz que você só pode abrir mão do que
tem. É necessário se harmonizar com a matéria para abrir mão dela. Isso também se aplica aos
processos psicoespirituais. Eu estou aqui há alguns dias dizendo que você somente se liberta do
passado quando se harmoniza com ele. Você diz: “Eu estou de bem com a vida, estou feliz”, mas
está sentado em sacos de raiva que estouram a todo instante. Você está se enganando. Se o seu
coração está cheio de mágoa e ressentimento, você não é livre. Você está se enganando. Isso
significa que esse passado ainda está bem presente. Significa que você ainda está preso. A sua
consciência ainda está condicionada às experiências do passado. Se você olha para trás e vê que
o seu coração não está confortável; se você olha nos olhos da mamãe, nos olhos do papai, nos
olhos de todas as pessoas da sua constelação familiar e ainda não pode dizer de verdade “muito
obrigado”, você ainda não está livre. Quando você está livre do passado, ele não te persegue
mais e você pode ancorar a presença plenamente.


O medo da escassez também é um aspecto do passado. Você tem que olhar para esse passado,

para esse medo da pobreza até deixá-lo e se abrir para o que a vida tem para lhe dar. Somente
então poderá abrir o baú do tesouro que a Mãe divina deixou para você. Você é herdeiro
das glórias eternas. No mundo celestial não há falta de absolutamente nada. Você pode ser
um saddhu que não tem nada no corpo, mas absolutamente nada lhe falta. O que ele precisa
chega na hora, se for verdadeiro. Se for verdadeiro nada faltará para ele.


Então, precisamos nos harmonizar com essas leis da matéria também. Uma das leis da matéria

é a lei do pagamento. Você precisa pagar as suas faturas e precisa aprender a receber o dinheiro
que chega também. Essa é a lei da matéria. Daí a César o que é de César e a Deus o que é de
Deus. Se você vai cobrar um valor fixo ou vai se abrir para receber uma dakshina que é um
valor livre, é decisão sua, mas a lei do pagamento precisa ser respeitada porque é uma lei. Se
não respeita a lei você comete uma infração e o prejuízo é maior. Porque você não controla o
karma. O mesmo se aplica ao processo de autodesenvolvimento. Para poder realmente acordar,
você tem que pagar um preço. O preço não é material. O preço é nada de autocomiseração;
nada de ter dó de si mesmo. Nenhuma piedade com o pequeno eu. Você tem que pagar com
determinação e vontade sincera de poder realmente abrir mão das imperfeições. No mundo
material você compreende isso. Se quer uma casa bonita, você paga o preço. Mas, no mundo
espiritual você quer um palácio pelo preço de uma chopana. Você quer tudo, mas tudo de
graça. Você quer se iluminar, mas não quer fazer nada. Não quer meditar nem um tantinho; não
quer nem se encarar, mas quer se iluminar. Essas são leis que precisam ser respeitadas. São leis
espirituais que se manifestam também na matéria.


Para completar eu vou fazer uso da memória para lembrar da minha vida passada quando eu

também era um professor de yoga e que também não sabia cobrar os meus alunos. (risos)
Algo muito parecido com você. Eu deixava uma caixinha de doações para as pessoas darem
suas contribuições e todo o fim de mês eu tinha que pagar todas as contas porque ninguém
deixava nada. Mas, eu ainda insisti durante um ano porque tinha medo de cobrar. Eu tinha
sido muito programado pelo cristianismo que dizia que eu não poderia cobrar pelas graças de


Deus. Mas, eu estava fazendo aquilo pela máscara não pelo Eu real. Eu não tinha graça para dar

por isso nada acontecia. Hoje está todo mundo aqui e eu não cobro nada de vocês. Vocês me
dão dakshina, cada um dá o que sente. Ou muitas vezes não me dá nada. Uns dão 10 outros 100
e tudo funciona. Eu tive que me libertar do medo da escassez; tive que encarar o bicho e olhar
para as crenças limitadoras que determinavam que eu não podia cobrar porque não acreditava
no meu valor. No mais profundo, eu achava que não valia. É claro que tem aquele que acha
que vale mais do que vale. (risos) Na verdade não vale o que pesa, mas isso é outra história. A
jornada é pessoal. Eu estou falando com você. Tem um grupo para facilitar a transmissão, mas
eu estou falando para você. O processo é individual. Desde que as digitais não coincidam, cada
um tem o seu processo, sua própria história. Na essência somos um só, mas fora da essência
somos diferentes. Esse caminho tem que ser trilhado. É só assim que você aprende, quando
você vai tomando consciência das suas subidas e descidas, dos seus erros e acertos. Está tudo
certo. Tudo é material de escola do grande professor. Tudo é o grande professor te ensinando.
Ele está te ensinando a amar conscientemente, a ser próspero e verdadeiro. Assim é. Mesmo
que esteja errado está tudo certo. Cada um está vivendo o que tem que viver e passando pelo
que tem que passar.


Maharaj ji tem falado muito sobre isso ultimamente e manifestado até mesmo a sua

insatisfação sobre o quanto as pessoas vão até ele querendo coisas materiais. Ele disse que está
cansado. Noventa e nove por cento das pessoas estão querendo casa, família, filhos, só coisas
materiais. Ninguém quer saber de Deus.


As pessoas querem pegar coisas; elas querem pegar a casa, o carro… Todos querem ser o

donos daquilo que faz com que se sintam mais poderosos, justamente porque se sentem sem
poder. Então você tem que tirar energia de algum lugar. Mas, Deus é quem te dá. Eu estou te
ensinando o caminho. Para se harmonizar com as leis divinas, você tem que se harmonizar com
o seu passado. É necessário integrar essas partes que estão separadas na sua personalidade.
Cada aspecto da personalidade que você integra, cada pequeno eu integrado, é uma pequena
morte que você vive. É assim que você vai perdendo o medo da morte. É assim que você
descobre que é eterno.


Pois é, foi um belo discurso, mas eu ainda não contei a parte mais importante. A parte que

talvez você não goste muito. Se você ainda tem medo da escassez, você a deseja. Se ainda tem
medo da pobreza, mesmo sem saber, você a deseja. É uma lei psíquica. É o desejo que atrai a
pobreza. Existe uma lei psíquica que diz que você atrai o que teme. Isso deve ser identificado.
Enquanto não identificar, você vai criar situações para atrair o que teme até que possa de fato
superar. A superação que eu falo é uma transformação de algo que você identificou e trabalhou
para transformar. Você não pode dar a volta, não pode passar ao redor. Essa é outra lei. Você
nunca passa ao redor das coisas. Você acha que engana a Deus, mas não engana.


“Mais um eu recebi

Chegou para declarar
Que a mim ninguém me engana
E ninguém queira se enganar”.


E que maravilha podermos estar no caminho da verdade. Que honra, nessa fase da jornada

evolutiva, nós estarmos no barco da verdade. Porque o barco da verdade nunca afunda.


O processo de liberação vai acontecendo passo a passo. Você vai transformando camada após

camada até que a última camada é transformada por acidente, acontece, mas até chegar lá é
passo a passo. Não importa o quanto você já pode perdoar e compreender, se tem repetição
negativa acontecendo na sua vida ainda tem uma camada de medo para purificar. Por menor
que ela seja, ainda está lá. Eu te digo que, se tiver um por cento da sua consciência trancada em
negação, esse um por cento te derruba. Porque ele está na sombra e você não percebe. Ele te
dá uma rasteira e você nem vê. Você tem que continuar o seu processo até que ilumine todo o
salão.


“Meu papai minha, minha mãezinha

Que me ensina a compaixão
Vem trazer a santa luz
Que ilumina o salão”.


Tratam-se de portais espirituais intergalácticos. O masculino e o feminimo; mamãe e papai.



Pergunta: Para você parar de atrair o que você tem medo, o que você precisa fazer?

Prem Baba: Encarar o medo e conhecê-lo. Olhar porque você teme. O que está por trás desse
desejo? O medo e o desejo estão intimamente relacionados.
“O poder superior quando ensina sobre o amor
Vem trazendo no canto o mistério do beija-flor.
O mistério do beija-flor que destrincha toda a dor,
Diz não se apegue ao sofrimento que o tempo é do amor.
Quando vem a falsidade ou mesmo a ingratidão
Fica firme no teu mestre e revela o perdão.
Meu papai minha mãezinha que me ensina compaixão
Vem trazer a santa luz que ilumina o salão.
Meu papai minha mãezinha que brilha no coração
Vem trazer a santa luz que ilumina o salão.”


Quando você se harmoniza, você se libera. Conforme vai se libertando desse medo, você pode

desejar a luz. Enquanto está atrelado ao medo, você deseja o prazer negativamente orientado.
Você está preso ao ciclo vicioso do sadomasoquismo. Uma parte de você diz “eu quero me
iluminar” e a outra parte está trancada em negação e só quer saber de brigar. Quando identifica
essa parte você pode perdir de verdade.


“Um pedido agora eu faço

Para eu poder renascer
E acordar realizado
Bem juntinho do poder
Mãe divina e soberana
Vós que tem todo o poder
Ilumina a minha vida
Vou eterno agradecer”


Se o pedido for verdadeiro você recebe a resposta.



Olha a resposta:



“O caminho vou seguindo

Com firmeza e com amor
Me entregando a vontade
Do supremo cristo Eu sou.
Meus irmãos o tempo é este
De pulsar o puro amor
E o caminho do coração
É quem nos dá essa flor.
Me alinhando com a verdade
Daquilo que eu sou
Só posso é dizer contente
Eu sou o puro amor
O meu pai é maravilha
Minha mãe é um primor
Sou filho abençoado do mistério do amor
Vou cantar todas as glorias
Do império do amor
Auxiliando o meu irmão
Que ainda não enxergou.
Por aqui vou encerrando
Esse cântico do amor
A entrega eu faço a Deus
Ao cristo que eu sou”.


Mas, essa realização só foi possível por causa dessa frase: “O meu pai é maravilha; minha mãe é

um primor; sou filho abençoado do mistério do amor”.


Por mais miséria que tenha acontecido na sua vida, um dia você vai ter que chegar nisso. Por

mais que o seu pai tenha tentado te matar e sua mãe tenha te rejeitado, um dia você vai ter que
chegar nesse perdão, nessa gratidão. Eu rezo para que isso aconteça.


Que você possa se harmonizar com as leis da prosperidade.



Até o nosso próximo encontro.



NAMASTE



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Satsang de Prem Baba
proferido na India - 2010

DINHEIRO E MEDO DA ESCASSEZ


Questão: Desde que eu cheguei aqui, nunca ouvi você falar sobre dinheiro ou sobre pagamento.

Ao mesmo tempo, estamos na terra e tudo custa. Tenho curiosidade de saber como você lida
com isso?
Prem Baba: Eu tenho dito que existe um trinômio que sustenta o eu idealizado e
conseqüentemente a nossa visão de mundo. Esse trinômio é sexo, dinheiro e poder. Enquanto
o sexo e o dinheiro estiverem sendo usados com base no medo e no ódio, isso vai alimentar
um falso poder ou uma distorção do poder que é a crueldade. Eu tenho falado muito sobre
a transição do medo para confiança, do ódio para o amor, como sendo o objetivo central da
experiência humana. Eu tenho dito que primeiro você trabalha para se tornar um ser humano
completo e você faz isso expressando os sentimentos que estavam negados, reclamando
partes de si que estavam trancadas em negação; reclamando e integrando o seu próprio
corpo. Porque quanto mais partes da sua consciência estão trancadas em negação, menos
consciência você tem de estar habitando o corpo. Tornar-se humano é um processo de
desenvolvimento. Um pedacinho do orgulho que se transforma em humildade. Um pedacinho
da luxuria que se transforma em devoção lhe trás a sensação de estar crescendo. Você está
cristalizando o ego; o ego consciente que é a sua consciência objetiva, ou seja, essa parte de
você que escolhe vir até aqui num dia como hoje. Esse trabalho de desenvolvimento pessoal
envolve cura de marcas do passado. É um processo de purificação e transformação do eu
inferior. É assim que você fortalece o eu consciente que é o eu observador. O observador é
aquele que identifica o eu inferior e se identifica com o eu superior. Quando esse eu consciente
está bem fortalecido, uma mudança de eixo acontece. Já não trabalhamos mais na esfera do
ABC da Espiritualidade. Já não é mais um trabalho com a criança ferida ou de cura de traumas
e neuroses. É um trabalho de ativação da consciência maior. E o que é essa consciência
maior? É a sua capacidade de se doar. A sua capacidade de amar desinteressadamente. A sua
capacidade de ser sem ter que fingir ser para forçar o outro a atender as suas necessidades.
Em síntese é um processo de integração do medo e do ódio do sistema para poder abrir espaço
para a sua capacidade de amar incondicionalmente e fazer com que esse amor se expresse em
todas as áreas da sua vida, inclusive na área financeira.


Assim como a criança se apropriou da energia sexual e fez dela um instrumento de domínio

sobre o outro, o mesmo nós temos feito com o dinheiro. Temos usado o dinheiro para agregar
valor a uma falsa idéia de eu. Se eu tenho dinheiro, eu tenho poder. Se eu tenho dinheiro, eu
tenho poder sobre o sexo e tenho poder sobre o outro. Vocês estão lembrados da nossa
conversa sobre o eu idealizado, o eu que foi criado em função do outro? Aquele eu que foi
treinado para ser perfeito, para conquistar o outro? Esse eu idealizado tem três pés: sexo,
dinheiro e poder. Você foi condicionado a acreditar que, se você tem dinheiro, você tem poder
sobre o outro. Assim, você dedica a sua vida a procura de dinheiro para ter poder sobre o outro
porque você acredita que, se tiver dinheiro, você é mais e o eu idealizado se torna mais forte.
Você colocou o dinheiro em primeiro lugar. O dinheiro se tornou o seu Deus. Você fez isso para
encobrir um profundo sentimento de impotência. O eu idealizado é uma máscara que está
encobrindo uma falta de sentido na vida; uma profunda carência que vem dessa falta de
referência de quem é você. É assim que você se move no mundo. Você acorda de manhã e vai
atrás de dinheiro, assim você tem o que fazer. Assim você escapa dessa angústia existencial
de não saber quem é. Nós estamos trabalhando para mudar esse paradigma. Estamos


trabalhando para que você possa se mover no mundo a partir da confiança e não do medo.

Para que você possa se mover no mundo sabendo que Deus está te guiando e que ele supre
as suas necessidades. Quando você coloca Deus em primeiro lugar ele supre todas as suas
necessidades. Você não dedica a sua vida a conquistar coisas, você dedica a sua vida a se
tornar um canal de Deus; um canal do amor divino. E tudo que você precisa chega para você.
Deus te dá o que você precisa, na hora em que você precisa. É claro que esse fenômeno se dá
através de você mesmo. Aqui no ashram nós estamos colocando em prática esse ensinamento.
Estamos trabalhando nessa esfera da entrega a Deus; na esfera da confiança. Eu confio que
Deus vai dar o que eu preciso. Eu não quero estar aqui preocupado com a conta de luz que eu
vou ter que pagar. Mas, o dinheiro chega através das dakshinas. Dakshina é um sistema védico
criado pelos sábios a milhares de anos. Quando o estudante chega, ele dá uma dakshina para
o mestre. Quando ele vai embora também. Às vezes você sente de dar quando está aqui.
Dakshina é um dinheiro que você dá como uma oferenda a guisa de respeito à lei do
pagamento. Porque, embora Deus esteja em primeiro lugar, nós estamos na Terra e aqui assim
como em todos os planetas existem determinadas leis que precisam ser respeitadas. Uma das
leis é a lei do pagamento. Essa lei é verdadeira em todos os sentidos e em todos os planos. Eu
já disse que se você quer realmente completar a sua purificação do eu inferior há um preço a
ser pago. Não é em dinheiro. O preço é nada de autocomiseração; nada de piedade com a
mentira. Nada de piedade com o seu falso eu. Você não pode comprar um edifício maravilhoso
por um preço de um barraco. Isso é verdadeiro também no plano psíquico. No plano material,
essa lei se manifesta na relação com o dinheiro. A lei do pagamento significa ceder no valor do
outro. É quando, ao invés do medo e da avareza usar o dinheiro, quem usa é o coração, o
amor, o Ser. O dinheiro é neutro, é um instrumento que caracteriza a troca. Então se o eu
idealizado, através do medo e da avareza, usa o dinheiro, vai gerar sofrimento. Se o amor usa o
dinheiro, vai gerar prosperidade em todos os sentidos. No ocidente, nos trabalhos espirituais,
normalmente eu sugiro um valor para os retiros e grupos justamente para te ajudar a se
harmonizar com a lei do pagamento. Eu estou te ajudando a fazer essa transição do medo para
a confiança. Ninguém nunca deixou de fazer um grupo por causa de dinheiro. O obstáculo não
é o dinheiro, mas sim a ignorância. Se você chega conscientemente dizendo qual é a sua
situação e perguntando como eu posso te ajudar, então eu vou poder ajudar. Eu quero que
você coloque Deus em primeiro lugar e que o dinheiro seja uma conseqüência. Isso somente
vai acontecer quando você ceder na lei do pagamento; quando você puder ceder no valor do
outro. Quando você puder dar com alegria. Você dá e fala “Seja feliz e faça bom uso”. Mesmo
se algum dia eu me tornar milionário eu sempre vou ter que cobrar de você. Alguma coisa eu
vou ter que fazer com esse dinheiro, dar para caridade, mas eu preciso te ajudar a fazer essa
transição do medo para a confiança. Porque enquanto você for vitima do medo, você está
condenado a ser pobre. Porque o medo da pobreza em você atrai a pobreza. Isso é uma lei
psíquica. Aquilo que você mais teme você atrai. Existe uma lei que determina que todas as
falsas construções, ou seja, aquelas construções feitas através do eu idealizado e da máscara
e não tem lastro no coração, um dia vão ter que cair. Toda a riqueza que você cria para fugir da
pobreza um dia vai ter que ir embora porque você vai ter que encarar esse medo da pobreza. E
somente quando você superar esse medo é que você vai ser rico. E ficar rico não significa ter
um monte de dinheiro na conta, significa você não ter que se preocupar com o dinheiro. Isso é
ser rico. Isso somente é possível com confiança.


Eu estou aqui fazendo um trabalho espiritual e não quero me preocupar com o dinheiro e com

a matéria. A minha consciência está trabalhando em níveis profundos dentro de você e no
mundo. O trabalho está muito profundo e forte. Eu estou trabalhando com cada um de vocês,
com todas as pessoas que estão conectadas a mim no mundo. Nesse momento eu estou muito
focado no Japão, na Líbia, na Síria e no Egito. Eu não posso ficar preocupado se vou poder
pagar a conta ou não. Ao mesmo tempo eu sei que preciso te ensinar a lidar com isso. Se você
não sabe que Deus age através de você e não sabe como funcionam as regras, você não fará a
parte que lhe cabe. Então, a sua pergunta é muito bem vinda.


Esse é um Ashram universal e eu e Maharaj ji somos mestres universais que estamos

trabalhando para o mundo. Maharaj ji estava hoje pela manhã meditando e ele veio e disse
que o trabalho que estamos fazendo está muito bonito. É bonito de tocar o coração. Ele me
perguntou se eu estava conseguindo dormir. Eu disse que sim, mas que o trabalho estava forte.
Ele falou que o Japão afundou. Nós começamos a conversar e todas as sensações que ele
estava tendo, eu estava sentindo. Quando nós abrimos aquele trabalho de cura com o Japão,
dias atrás, eu ainda estou lidando com as almas que estão desencarnadas e ainda não sabem
o que aconteceu porque foram pegas de surpresa. Milhares de almas estão por ai sem saber
o que aconteceu. A dimensão do sofrimento na Líbia é muito séria. Estamos trabalhando para
manter a liberdade que o Egito conseguiu alcançar. Eu nunca me preocupo com dinheiro. O
dinheiro vem. Mas, é assim que eu trabalho: a dakshina chega e eu pago as contas. Os grupos
trazem dinheiro também. Isso é importante eu falar porque tem pessoas que acham que eu não
devo cobrar. As vezes eu viajo do Brasil até o pais dela e ela acha que não tem que pagar; que
eu tenho que dar tudo de graça e que ainda tenho que pagar a minha viagem. Ela acha que eu
tenho a obrigação de pagar tudo. Isso é ignorância. Na verdade você não está compreendendo
sobre a lei do pagamento. Você não está compreendendo que essa sugestão de valor que eu
estou dando é a minha misericórdia para você se ajustar com a prosperidade. Eu quero que
você seja próspero e não quero que você se preocupe com o dinheiro. Porque você esta vindo
para o meu coração; você esta se tornando um curador. Eu quero que você receba tudo que
precisa. Não quero que você se preocupe se vai ter ou não. Eu quero erradicar da sua alma o
medo da pobreza e da escassez porque ai se sustenta a miséria humana. Todos podem ser
prósperos. No mundo de Deus não existe falta de nada. E tem gente que fica fazendo conta
de quanto eu ganho para ver o que vou fazer com aquele dinheiro. Isso não é o seu problema.
Esse é o meu problema. Se eu vou comprar carros, casas; se vou dar dinheiro para um monte
de gente… Isso é o meu problema. Mas, hoje o dinheiro está sendo todo usado ao seu favor.
Eu estou construindo espaços para vocês. Eu quero que você tenha conforto quando for me
visitar porque a obra cresceu muito e a estrutura não acompanhou. Eu estou querendo construir
salão e quartos para vocês terem onde ficar. Ai esta a minha energia. Tudo que eu recebo é
para vocês. Você me dá doces e frutas e eu te dou tudo de volta. Você me dá dinheiro e eu
devolvo para você. Aqui a única coisa que eu uso é um doti. Eu como um mingau de manhã,
um arroz com vegetais ao meio dia e uma sopa a noite. No ocidente eu uso uma calça jeans
e uma camiseta. Eu não preciso de nada. Eu sou um sadhu. Um sadhu um pouco diferente
porque estou fazendo essa ponte entre o ocidente e o oriente. Eu não uso doti no ocidente
porque vou chamar muita atenção e não quero isso. Eu quero o máximo de simplicidade para a
minha vida.


Eu quero oferecer o melhor para você. O meu gosto é muito simples: eu gosto só do melhor.

Eu quero que você se liberte de qualquer medo da pobreza e da escassez. Eu quero que você


compreenda que é um herdeiro das glórias eternas. Uma vez eu fui até o Maharaj ji e ele disse

que nós precisávamos construir um salão novo e eu disse: mas não tenho dinheiro. Ele disse
para eu não me preocupar que o Deus daria o dinheiro. O dinheiro veio e nós construímos um
novo salão que já está pequeno. (risos) Nós vamos ter que construir outro, mas isso é o que
trás sentido para a nossa vida: criar condições para o outro ser feliz. Senão, o que fazer aqui?


Você realiza essa transição e se harmoniza com as leis da prosperidade quando em primeiro

lugar você coloca os seus talentos e dons a serviço do divino. Esse é o básico, a fase zero.
Devagarinho você vai ver que Deus está trabalhando através de você. Deus é um bom patrão,
mas ele paga somente o que você precisa. O que você precisa ele te dá.


Porque você acha que está acontecendo essa crise financeira no mundo? Não é justamente o

reflexo do trânsito do medo para a confiança? Como eu disse, se a construção não tem lastro
no coração, ela vai ter que desabar para recomeçar a partir da verdade.


Acho que nós podemos concluir a conversa se perguntando quem em mim quer dinheiro e para

que? Eu estou em harmonia com a lei do pagamento? Eu estou colocando Deus em primeiro
lugar? Se não, vá atrás do não nessa área da sua vida. Vá atrás de identificar a corrente de
negação que existe na sua vida financeira. O não na área financeira geralmente utiliza o medo
e a avareza. E normalmente há muitas imagens porque você deu ao dinheiro um valor que não
é exatamente o real. Você deu um valor emocional de acordo com os seus traumas e choques
que você viveu no passado. Você agregou um valor emocional para o dinheiro e por isso ele
se tornou tão problemático na sua vida. Você tem que primeiro purificar essas imagens do seu
sistema para entender o dinheiro como um instrumento que está a serviço do Eu divino para dar
o que você precisa e para você não ter que se preocupar. Para que você possa realizar a sua
jornada sem se preocupar.


É assim que eu lido com essa questão.



No mundo de Deus não há falta. Eu estou trabalhando para que você venha para esse mundo.

Estou trabalhando para que você possa experienciar Deus para que ele não seja somente uma
crença. Mas, para que você possa ter uma experiência direta de Deus. Porque se você tem
essa experiência você perde o medo da escassez e da morte. Se você tem uma experiência
direta de Deus e se livra do medo da escassez e da morte você se liberta da mentira e assim
você ascende para os reinos superiores. Os portais nos planetas celestiais se abrem para você.


Pouco a pouco isso está acontecendo. Todo o dia cantando GAYATRI. Os muros de separação

estão caindo. Em todos os três mundos, terrestre, astral e celestial que possamos meditar sobre
aquela luz dourada que nos ilumina. Que toda a luz dourada acalente o nosso entendimento e
nos conduza de volta para a morada sagrada. Essa é uma possível tradução desse mantra. É a
transformação que está acontecendo.


Mexemos hoje no terceiro ponto do tendão de Aquiles do eu idealizado. Os três pontos são:

sexo, dinheiro e poder. Difícil, não? Mas, lentamente é possível. Devagar nós vamos dando um
novo sentido; que o amor faça uso do sexo e do dinheiro. Então, nós nos livramos da distorção
do poder que é a crueldade. Tudo isso é muito profundo.


Que você possa se harmonizar com as leis universais da prosperidade.



Até o nosso próximo encontro.



NAMASTÊ

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Trabalho de Pesquisa realizado
por Lucia Premal 

iecps - Instituto de Estudos de Complexidade e Pensamento Sistêmico

A ERA DA AVAREZA


(A Concentração de Renda como Patologia Bio-Psico-Social)
Humberto Mariotti


A infelicidade não está na privação das coisas, mas na necessidade
que temos delas.
(Jean-Jacques Rousseau)




O dicionário assim define a avareza: "1. Excessivo e sórdido apego
ao dinheiro. 2. Falta de generosidade, mesquinhez". É principalmente
nesses dois sentidos que o termo será usado e ampliado neste texto.

A avareza é uma patologia do Ter. Como se sabe há muito tempo, o Ter
e o Ser são duas dimensões fundamentais da condição humana.
1. O Ter relaciona-se às necessidades concretas, da vida dita mecânica,
que correspondem à satisfação das exigências do corpo: alimentação,
excreção, sexo, reprodução, abrigo e a inclinação — que varia de
pessoa a pessoa — de acumular dinheiro e bens materiais. A dimensão
do Ser liga-se à vida que pode ser chamada de não-mecânica, e
compreende fundamentalmente os sentimentos, as emoções, a intuição,
o imaginário e os impulsos de realização pessoal e interpessoal.

Nessa linha de raciocínio, a avareza inclui o tomar posse dos outros
(que gera o ciúme mórbido, por exemplo) e o que podemos chamar
de "avareza de qualidades", que leva algumas pessoas a se apossarem
de determinados atributos e posar de modelos para as outras:
o "super-santo" (que acha que todo mundo é pecador); o "super-
honesto" (que imagina que todos são corruptos); o "superinteligente"
(que está convencido de que vive cercado de imbecis); o "super-
erudito" (que acredita que todos os outros são ignorantes).
Enfim, trata-se da volúpia da posse de tudo aquilo que puder ser capturado,  colecionado e acumulado, que leva as pessoas a venerar o material e "materializar" o que não é material.

Centrarei minhas considerações na aquisição e acumulação de dinheiro e bens materiais (aqui incluídos os da natureza), mas sem esquecer que todas as formas de avareza são manifestações de um fenômeno básico:


a perversão da dimensão do Ter.

Antes de mais nada, é importante que não adotemos uma posição maniqueísta ou moralista diante das relações entre o Ter e o Ser, ou mesmo em relação à eventual predominância de uma dimensão sobre a outra, nessa ou naquela fase da vida humana. Ambas são instâncias essenciais ao nosso cotidiano. É também indispensável compreender que a predominância exacerbada e prolongada de uma delas sobre a outra acaba trazendo conseqüências marcantes — e é aqui que começam os problemas.

Na qualidade de exacerbação do Ter, é evidente que a avareza traz conseqüências danosas para a dimensão do Ser. Trata-se da distorção de dois dos valores mais importantes da condição humana: o valor- coisa e o valor-processo. Em meu livro mais recente2 abordo, entre outros, esses valores. Convém voltar um pouco a eles agora, para melhor compreensão das considerações que se seguirão.

Na avareza, a posse das coisas não faz cessar a necessidade que sentimos delas, como observou Rousseau. Nem ao menos a diminui. Pelo contrário, estimula-a indefinidamente. O avarento caminha sempre na direção da ansiedade e o faz ao longo de uma seqüência: 

a) a posse não o satisfaz;

b) por isso, a necessidade de seguir acumulando jamais o abandona;

c) a essa circunstância se juntam o medo de perder o já acumulado e o pavor de não conseguir continuar concentrando.
Na prática, portanto, o avarento concretiza a formulação de Aristóteles, que dizia que é da própria essência do desejo jamais ser satisfeito,
o mundo é uma fonte de "recursos" e "bens"
dos quais somos os usuários.
Por ser uma patologia do Ter, a avareza é também uma patologia do  objeto, uma patologia da coisa. Como já sabemos, ela se traduz pela negação de tudo aquilo que implica processo, fluxo, circulação. É uma inclinação para o enrijecimento, para a petrificação, um  movimento em direção ao inanimado.

O avarento se sabe um funcionário da retenção. Mais ainda, percebe  que não é capaz de fugir dessa armadilha, e por isso está a cada dia mais cheio de medos, sendo o maior deles, como logo veremos, o que  tem de si próprio. Esse medo é a cada passo potencializado pela  desconfiança.  
Já vimos que o avarento percebe que por mais que tente  não conseguirá acumular e reter o que sua compulsão interna lhe  impõe. Por isso, no fundo ele não confia em si próprio como agente  da acumulação. Essa desconfiança alimenta o medo, que retroage sobre
ela, intensificando-a. E assim se fecha o círculo.

Por não poder tolerar essa pressão além de um certo limite, o avarento a projeta nos outros. É por meio dessa dinâmica que a avareza acaba sendo também uma patologia da alteridade, pois para o
avarento tudo na vida parece resumir-se ao "meu" que ele opõe  tenazmente ao "não-meu": "meu" dinheiro, "minha" casa, "minha"  mulher", "minhas" crenças e assim por diante. Ao lado disso, como
mencionei há pouco, jamais o abandona a compulsão de transformar  o "não-meu" em "meu", no menor tempo possível e com o menor esforço
e gastos possíveis.

Em seus esforços para alcançar esse objetivo, o avarento passa ao largo do fato de que cedo ou tarde suas ações acabarão destituindoos outros, privando-os — muitas vezes totalmente — de seus haveres.


Como para ele os valores humanos se reduzem ao valor dos bens e do dinheiro, acaba convencido de que quando despojado deles o ser humano deixa de existir, deixa de ter interesse, transforma-se num
estorvo. Em conseqüência, precisa ser excluído. Portanto, a avareza é também uma patologia da inclusão social, o ponto extremo da patologia da alteridade.

O avarento exclui o outro mesmo quando não consegue se apropriar de seus bens: em muitos casos descarta-o preventivamente, porque teme
que ele por sua vez seja também avarento e, nessa condição, possa aproximar-se e destitui-lo. Como resultado, transforma-se num solitário: sua única companhia é o dinheiro e os bens que conseguiu juntar e reter. Dado que vê as posses como um fim e não como um meio, aliena-se a elas e assim acaba dando-lhes mais valor do que a si próprio. Já não possui seus bens: é possuído por eles. Em seu afã de imobilizar, de reter, no fundo o avarento quer se livrar do  diferente, da diversidade. Quer transformar tudo num valor único e padronizado — o valor econômico. Nesse empenho, descobre os princípios de uma estratégia que utilizará largamente: padronizar para facilitar a dominação, controlar para melhor concentrar.

A avareza é muito mais do que o simples entesouramento de dinheiro, como fazia Ebenezer Scrooge, o arquetípico personagem de Charles Dickens. Ser avarento significa não apenas vencer, mas sobretudo impedir que os outros façam o mesmo. Já vimos que essa forma de paranóia vem sendo chamada de "competitividade". Em síntese, ela  significa isso: pôr a competição predatória da exclusão no lugar da competência do conviver e achar que desse modo está sendo satisfeita uma crença basilar, que está sendo criado um valor fundamental

O Ter e o Futuro

O avarento teme e evita o aqui-e-agora, pois como está mais voltado
para o Ter do que para o Ser tende afastar-se de si mesmo. Não
poderia ser de outro modo, aliás, pois ao longo do processo em que
terminará por excluir a si próprio do mundo ele acaba se vendo como
uma coisa. E então, coisa por coisa, prefere a "segurança" dos
valores que acumulou a ter de lidar com a aleatoriedade da vida.
Projeta o Ter no Ser e acaba excluindo este último.
Essa projeção faz com que ele procure perder o contato consigo mesmo,
isto é, que abandone a experiência vivida.
Para evitá-la, nega o presente e se lança em direção ao futuro.
Joga a experiência para a frente, porque
ainda não se julga preparado para vivê-la: acha que ainda não
acumulou o bastante para usufrui-la.
Nesse sentido, a avareza é também uma patologia do porvir.

Mas esse "bastante" é para ele inatingível, e assim o avarento está
sempre acumulando, sempre se preparando para uma fruição que jamais
chega. Em última análise, trata-se de uma forma de negar a vida ou,
como vimos, uma tentativa de controlar sua diversidade e suas
incertezas. A vida é então trocada por uma "segurança", que faz com
que ela própria acabe sendo vista com ansiedade e suspeita.
Sabemos que projetar os ganhos para o futuro, com o objetivo de
acumular, é um dos princípios do capitalismo. O avarento apropria-se
dele e o transforma em patologia. Adia a experiência do viver em
troca dos prazos (sempre permeados de tensão e medo) necessários à
acumulação. Prorroga a vida para um porvir no qual os ganhos de
capital e demais benefícios do valor econômico permitirão
a "realização".
Mas está convencido de que esse vir-a-ser não deve
ser jamais alcançado, como desejam as pessoas que poupam parte do
que ganham para mais tarde beneficiar-se. Do ponto de vista do
avaro, o futuro não pode nem deve chegar: o que seria a vida, sem o
infindável processo de captar, recolher, amealhar, concentrar?
Por todas essas razões ele se refugia num auto-exílio angustiado, ao
abrigo do qual passa a negar quase tudo, em especial a si próprio.

Não é difícil compreender o que o motiva. Para experienciar o aqui-e-
agora, como acabamos de ver, é preciso que nos voltemos para dentro
de nós mesmos, que nos auto-observemos com atenção, que estejamos
ligados a nós próprios. O contato com a experiência nos leva em
direção ao Ser, sem contudo negar o Ter, pois ambas as dimensões
fazem parte da condição humana e por isso precisam ser consideradas
em sua justa medida. Para o avarento, porém, isso é impossível: como
observar uma subjetividade que, de tanto ser negada, acabou por
praticamente desaparecer?

Para ele, as coisas são confiáveis porque não se movem, ou movem-se
muito pouco e numa única direção — a do acúmulo. Procura assegurar-
se disso mantendo-as sob controle, conservando-as sob sua custódia,
enclausurando a dinâmica do Ser no cofre do Ter. E assim precisa
continuar, porque o sólido e o pesado são em geral inertes e não
costumam gerar grandes riscos e incertezas.

O universo da acumulação é também o do controle e da padronização. E
tudo aquilo — principalmente as pessoas — que não puder ser reduzido
a essas dimensões precisa ser excluído. O diferente, o incerto, o
imprevisível — ou seja, o criativo e o vivo — aterrorizam o
avarento. Apavoram-no sobretudo as idéias novas, os fenômenos não-
quantificáveis e a diversidade. Por isso, é preciso que ele imagine
um mundo em que todos pensem sempre do mesmo modo e continuem
indefinidamente assim. Tal estado de coisas lhe convém, dada a sua
necessidade de prever as ações dos outros (que vê como adversários a
serem eliminados por sua "competitividade"), suas estratégias, seus
mínimos movimentos. "Afinal", pensa, "nunca se sabe em que instante
essa gente acabará vindo tentar tomar o que consegui juntar".

É por essas razões que aquilo que não se move — ou que se move
repetitivamente, de modo previsível — vale mais. É por isso que as
coisas têm mais valor do que as pessoas. Coisas juntas,
concentradas, homogeneizadas, conferem poder e tranqüilidade.
Pessoas reunidas e pensando de modo diferente umas das outras trazem
problemas — a não ser que consigamos controlá-las, bitolá-las, isto
é, dar o máximo de valor possível aos homens-coisa e excluir ao
máximo os homens-pessoa. Dessa forma, como é fácil concluir, a
avareza é também uma patologia da autoridade, uma apologia do
autoritarismo.

Nada disso, porém, interessa ao avarento, pois já vimos que ele
subverte a própria natureza do capitalismo e assim, em última
análise, não são o capital e seus benefícios que lhe interessam.
Para ele o que importa é a atitude de concentrar — o acúmulo como um
fim em si. Não se trata somente de acumular haveres: trata-se de
fruir a concentração como projeto de vida e de venerar a avidez e a
insaciabilidade. Elas são, em si mesmas, o benefício.

Ao ser possuído pelos bens e pelo dinheiro, o avarento se transforma
num manipulador compulsivo de símbolos abstratos, e com isso acaba
se reduzindo a mais uma cifra entre as tantas que conseguiu estocar.
Nesse momento, nem sequer é mais um homem-coisa:
é um fantasma de si mesmo.
Passa a fazer parte do universo das pessoas perplexas diante
das incertezas do mundo real, que reagem tentando escapar da
responsabilidade de ter de lidar com elas. Eis a essência da
alienação.

Vimos que a experiência do Ter implica controlar, prever,
ter "certezas". Já a experiência do Ser significa abertura,
convivência com a incerteza. Controlar equivale a imobilizar, a
isolar. Conviver significa experienciar, o que por sua vez implica
deixar fluir, observar participando, estar atento.
O Ter se volta para a coisa. O Ser se orienta para o processo.
São duas vivências fundamentais.
Como já sabemos, cada uma delas se tomada isoladamente revela-se
necessária — mas não suficiente — para nos capacitar a lidar com a
complexidade do mundo e com a nossa própria.

Consequencias para o planeta:

Eis alguns do muitos — e bem conhecidos — resultados da avareza, no
âmbito planetário atual: a) a progressiva deterioração dos hábitos
comunitários e associativos; b) o progressivo abandono de formas de
convivência capazes de contrabalançar o individualismo agressivo e
predatório; c) a crescente erosão das conexões sociais; d) o
desprestígio da idéia de um Estado em que haja lugar para a
assistência (não o assistencialismo) e a compaixão; e) a reificação
da condição humana e de suas manifestações; f) a diminuição, em
todos os níveis, da solidariedade e da lealdade; g) o
monoculturalismo, implantado e mantido pelo marketing e pela
educação orientada para a quantificação e a homogeneização.
Nunca se produziu tanto. A grande dificuldade é como distribuir a
riqueza produzida, numa época em que — digo eu — a avareza reina,
globalizada e triunfal.

A Avareza e o que ela produz:

Se a soberba consiste numa estima excessiva de si mesmo, a Avareza é
a estima excessiva das riquezas e dos bens materiais. A alma dá
tanta importância ao dinheiro que passa a viver só em torno disso,
esquecendo-se de Deus e do próximo. O avaro está tão apegado às
coisas que possui que prefere morrer do que perde-las. Só pensa em
comprar, em ter, em mostrar aos outros tudo o que possui.

A avareza produz:
- injustiça para com o próximo : roubos, trapaças etc.
- traição : como Judas, que vendeu Jesus por trinta moedas.
- dureza do coração diante da pobreza : nunca dá esmolas nem quer
ajudar os pobre
- preocupações constantes : medo de perder tudo.
- esquecimento de Deus e da salvação eterna

Para vencer a avareza devemos considerar que tudo é palha diante da
vida da graça, verdadeira riqueza da alma. Contemplemos a
simplicidade de coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, seu amor pela
pobreza e pelos mais humildes e toda sua vida voltada para fazer a
vontade do Pai.

A AVAREZA pode ser retratada como a tendência à economia
excessiva, desde a locação de recursos financeiros, passando pela
centralização de informações e pela falta de tempo para discutir
aspectos relevantes do projeto, até a negativa em designar
coordenadores e profissionais para acompanhar e dar suporte nas
várias fases de sua implantação.

Frases mais comuns:

" Não temos verba.
Os dados finais vão ficar na diretoria.
O projeto está adiado até segunda ordem.
Infelizmente estamos sem pessoal para alocar neste projeto!
Por favor, veja minha agenda com a secretária"!

Como lidar com a avareza:
Negociando recursos, estabelecendo cronogramas com agendas
flexíveis, mantendo um profissional responsável pela disseminação de
informações e coordenação do projeto, de forma a descentralizar o
processo.

D efine-se a AVAREZA como: estar excessivamente apegado a alguma
coisa levando a um grande medo de faltar, uma percepção de escassez.
A avareza pode ser percebida no cotidiano das empresas levando ao
slogan: "Não tenho confiança em ninguém" logo terei avareza com as
informações que me chegam as mãos, com a expressão dos sentimentos e
opiniões em relação aos projetos que estou envolvido, etc. Economizo
pensamentos, sentimentos e ações pois não consigo lidar com a
diversidade, com a transparência entrando num clima defensivo. Em
termos de gestão de pesssoas podemos apontar a tendência a
centralização como gesto avarento nas organizações.

Lições de um avarento feliz

Gustavo Nagib ensina em livro como se transformar num legítimo pão-
duro - Márcia Vieira
A culpa é da Patrícia. Durante dois anos, Gustavo Nagib bancou tudo.
Cinema, jantar, teatro. Sem carro, andava de táxi para todos os
lados. Não só pagava as contas como ainda dava presentes. Patrícia
ganhou relógio, perfume francês. Não adiantou. Patrícia terminou o
namoro sem muita explicação. E o que foi pior. Ao final do namoro,
ela tinha economizado o suficiente para comprar um Corsa. Ver aquele
carro novinho foi pior do que a dor-de-cotovelo. ''A gente ganhava a
mesma coisa naquela época. Como era possível ela ter dinheiro para
comprar um carro? Vi que tinha alguma coisa errada com o meu
comportamento. Aquilo foi decisivo na minha vida. Acabou. Peguei
raiva'', diz Nagib, 29 anos.

Formado em comunicação social, Nagib resolveu capitalizar a sua
sovinice. Com bom humor. Está escrevendo o Manual do Pão-Duro, um
guia para ser feliz gastando pouco. ''É possível'', garante Nagib,
que é capaz das maiores maluquices para economizar. A idéia original
era escrever um guia apenas para ser sovina no namoro. Seria algo do
tipo ''Como sair, namorar e pouco gastar''. Os amigos acharam tão
interessante, que Nagib vislumbrou logo uma série de situações: o
pão-durismo na escola, no trabalho...Mesmo com a possibilidade de
ganhar dinheiro graças à avareza, Nagib continua brincando com a ex-
namorada. ''Digo pra ela: ''graças a você fiquei pão-duro assim''.
Ela me mostrou que valia a pena ser avarento.''
Tricolor- Maldade com Patrícia. Antes do fim do namoro, Nagib já
apresentava sintomas de avareza crônica. No futebol, por exemplo.
Nagib diz que só a paixão pelo Fluminense provoca nele aquela
vontade louca de gastar dinheiro sem pensar muito se está fazendo um
bom negócio. Gasta pelo prazer de gastar. Nagib tem todas as camisas
oficiais do tricolor das Laranjeiras. Também vai a todos os jogos.
Vira um perdulário.

Mas na adolescência, portanto antes de se apaixonar pela Patrícia,
chegava ao Maracanã às 10h para um jogo que só aconteceria às 17h.
Motivo? ''Eu ficava colocando talco no saquinho de pipoca para as
torcidas organizadas. Picava papel, pendurava bandeira.'' Tudo para
ganhar ingresso de graça.'' Uma vez exagerou. Aceitou entrar com um
vendedor de biscoito de polvilho. Numa outra vez pulou o muro. Mas
depois que foi pego pela polícia desistiu das aventuras. Hoje em
dia, ele paga o ingresso.
Planejamento familiar- Apesar da mãe ser perdulária, Nagib desconfia
que tamanho pão-durismo seja uma herança do próprio nome. ''Um Nagib
tem que ser pão-duro, né? E Gustavo é nome suíço, ou seja,
tranquilidade financeira. Não teria como escapar desta sina.'' Nem
tentou. Em nome da avareza viveu situações inacreditáveis. Nagib
passou meses sem comprar preservativos. Não, ele não assaltou
nenhuma farmácia. ''Honesto eu sou'', diz. E cara-de-pau também.

Durante meses, se inscreveu num programa de planejamento familiar do
governo federal. Tinha direito a 20 camisinhas por bimestre.
Precisava de mais. ''Levei um amigo meu também. Passei a ganhar
40'', ri. Mas desta vez, até ele achou que era demais. ''Fiquei
envergonhado e parei. Estava exagerando.''

Na sua ode à avareza, Nagib conta este e outros truques. Há um
capítulo especial sobre mulheres. O pão-duro deve escolher sempre as
magrinhas. Não é uma questão de estética, mas de economia mesmo.
Geralmente, elas têm mania de dieta. ''Academia de ginástica é um
ótimo lugar para um pão-duro paquerar. Mulher de academia só pensa
em manter a forma. Bebe suquinho, come alface e cenoura. Tudo
baratinho. A Patrícia tinha essa vantagem. Era anoréxica. Não comia
nada'', conta. Nagib também não leva ''namorada sem compromisso''
para jantar. ''Eu só marco saída para as 21h. A mulher nunca está
pronta na hora. Então só chego às 21h30. E aí, francamente, se a
mulher não comeu até esta hora, não sou eu que vou pagar o jantar.
Não é justo.''

Mas e se a namorada anunciar no carro que está com fome? ''Páro numa
padaria, compro um pãozinho e uma pastinha de salmão. A gente leva
para o motel. O que sobrar eu carrego pra casa.'' A mesquinharia,
garante ele, não afasta as mulheres. ''Elas me acham divertido. Sou
um bom papo. E a mulher nem sempre percebe esta característica.'' No
livro, Nagib dá outra dica fundamental para o pão-duro se divertir:
participar de todas as promoções que aparecem pela frente. Nagib já
ganhou bicicleta, telefone celular e dezenas de ingressos para
teatro.
Pechincha - Ao cinema ele só vai de segunda a quinta-feira. É muito
mais barato. O ingresso cai de nove reais para cinco reais. Mas como
Nagib tem carteira da União Nacional dos Estudante, graças ao
mestrado que faz na Faculdade Estácio de Sá, ele paga apenas R$
2,50. Uma pechincha. Seu plano econômico é baseado no escambo, na
troca. Por exemplo. Para a sua festa de 30 anos, pretende alugar o
salão nobre do Fluminense. Custa 800 reais. Para que gastar? ''Vou
propor aos diretores que eu faça uma série de talk-shows com
artistas aqui. Percebe?''

O excesso de pão-durismo traz desconfortos. Nas raras vezes em que
usa o carro, Nagib não liga o ar-condicionado. ''Aumenta muito o
consumo de gasolina. Não dá.'' Só abre exceção quando, no auge do
verão, está todo arrumado a caminho de um casamento, que geralmente
é uma boca-livre de qualidade. A relação com o dinheiro em alguns
momentos atinge níveis doentios. ''Gosto de ficar contando dinheiro.
É uma loucura mesmo. Parece Tio Patinhas.''

O pão-durismo também já deixou Nagib em maus lençóis. Num destes
dias de calor insuportável, ele circulava de carro pela Tijuca,
bairro onde sempre morou. Estava com o ar-condicionado desligado, é
lógico, para economizar. Acabou rendido por dois homens. Os bandidos
não gostaram de saber que o saldo na sua conta bancária era de 34
centavos. Negativo. A ira só foi contida quando encontraram uma nota
de 50 reais perdida no bolso de Nagib. ''Foram momentos difíceis.''
Há coisas que nem mesmo um pão-duro como Nagib faz. Sair de festa
carregando pratinho de doce não dá. Também não deixa de comprar
coisas que valham a pena só porque são mais caras. ''O que a gente
tem que pensar é na relação custo-benefício. Esse é o segredo.''
Conselhos assim, ele vai salpicar no livro que está escrevendo.
Outra dica do estilo Nagib de viver. Se filie a cartões de afinidade
que rendam promoções. Mais do que isso. Peça para toda a família
fazer compras usando a sua inscrição para juntar pontos mais rápido.
Foi o que Nagib fez. Acabou ganhando uma passagem para Belo
Horizonte. ''Fui ver o Fluminense jogar. Gastei só os 14 reais da
tarifa do aeroporto'', conta orgulhoso.

Mas será que o pão-durismo como estilo de vida traz
felicidade? ''Traz. Eu vejo o retorno. Consigo fazer mais coisas
gastando menos. E quando for o caso de gastar com o que vale a pena,
eu tenho.'' Ele pressente que seus dias de pão-durismo vão acabar
assim que uma outra Patrícia entrar na sua vida e ele se apaixonar
de novo. ''Vou entrar pelo cano.'' Mas isso já é história para outro livro.

A Avareza
Por: Izabel Telles - izabel@vidanova.com
A competente terapeuta Izabel Telles com sua técnica de imagens
mentais, vai ajuda-lo a "quebrar" padrões de pensamentos e emoções
que ficam armazenados em seu inconsciente.
Para isso é muito importante que V. complete um ciclo de 21 dias
para perceber o resultado desse trabalho. Vale a Pena!!
Para seus próximos 21 dias escolhemos o "pecado": 

A AVAREZA
Reter tudo nas mãos, controlar tudo e todos, contabilizar cada
centavo que se deu (em dinheiro ou emoção). Deixar de viver o hoje
por medo do amanhã. Apego, insegurança, sofrimento. É isso que o
avarento recebe por seus atos de mesquinharia afetiva. Pelo abraço
que negou ao amigo que precisava tanto, pela palavra que deixou de
falar num momento importante. Por medo de não ter o avarento não dá
nada, interrompendo o fluxo de energia do universo.

Exercicio para Fluxo de Energia

Se este for o seu caso livre-se disso. Sentado, olhos fechados,
respire três vezes calmamente e veja suas mãos fechadas, punhos
cerrados, rosto contraído.
Veja o apego e a infelicidade representado nesta imagem. Agora,
respire uma vez e abra as mãos e veja uma luz infinita sair de
dentro dela e se espalhar pelo mundo. Então respire e abra os olhos.

O QUE SÃO IMAGENS MENTAIS?
Imagens mentais são a linguagem do inconsciente assim como a palavra
é a linguagem do consciente.
TODAS AS PESSOAS VÊEM AS IMAGENS DA MENTE?
Sim, todos vemos durante o sono em forma de sonhos, que são imagens
em movimento.
O QUE AS IMAGENS REPRESENTAM?
Representam simbolicamente as nossas emoções.
ONDE FICAM ESTAS IMAGENS?
Ninguém sabe ao certo onde elas ficam mas, para mim, elas ficam
estocadas dentro das nossas células.
PORQUE FAZER EXERCÍCIOS COM ELAS?
Para conseguir uma limpeza destas imagens e garantir uma vida
emocional e física saudável.
COMO FAZER ESTES EXERCÍCIOS?
É fundamental que você esteja sentado num ambiente calmo e
tranqüilo. Os pés devem estar firmes no chão, as mãos colocadas
sobre as pernas e os olhos fechados do começo ao fim. Antes é
preciso respirar até conseguir um estado de tranqüilidade e depois
desta tranqüilização devemos fixar nossa meta colocando a atenção na
intenção do exercício. Ou seja, responder mentalmente: porque
estamos fazendo aquele exercício e o que queremos com ele.



Pecados Capitais

- Orgulho - Trata-se do amor próprio em níveis muito elevados.
Desejo de sentir-se superior aos outros. Essa auto-estima pode
tornar-se uma presunção ao permitir que o ser humano se julgue
sempre o melhor. Sem contar a ambição ao viver em busca de prestígio
por motivos egoístas sobre os outros. É a ostentação devido a
necessidade de atrair sempre todas as atenções para si mesmo de
forma excessiva. O orgulhoso é hipócrita, pois tenta simular
virtudes que não possui realmente.


- Avareza - Nesse caso, a pessoa nutre o desejo obsessivo de
adquirir riquezas. Tal atitude faz com que o avarento deposite toda
a sua segurança nos bens materiais. Com isso, a idolatria da matéria
atinge um espaço tão grande no coração daquele que pratica a avareza
que passa a substituir o próprio Deus. Este tipo de pessoa tende a
ser extremamente egoísta, injusta e desonesta, e pensa apenas nos
lucros que pode obter.


- Luxúria - Esse pecado consiste em desenvolver a sensualidade, a
libertinagem e a libido de maneira descontrolada, dentro ou fora do
matrimônio. São os casos em que ocorrem o adultério, a fornicação, a
bestialidade (relação sexual com animais), estupro, incesto,
prostituição, homossexualismo, entre outros.


- Gula - É o desejo descontrolado em consumir comida e bebida, tendo
grande amor por boas iguarias. A pessoa ingere o alimento apenas
pelo prazer de consumi-los. Com isso são desenvolvidos os pecados do
desperdício, embriaguez, dissipação, falta de modéstia, etc.


- Ira - É a paixão que incita contra o outro. Esse impulso
desordenado consiste na perda de controle diante de situações
através de sentimentos como ódio, raiva e agressividade excessivas.
Pode ter origem devido a atitudes meticulosas e perfeccionismo.


- Inveja - Misto de ódio e desgosto originado em função de tristeza
profunda diante dos bens de outras pessoas, desejando que estas
sejam destruídas. Os invejosos não suportam o sucesso alheio.


- Preguiça - Propensão para não trabalhar. Falta de disposição
decorrente da ausência de vontade de agir. Os preguiçosos estão
sempre cansados, apesar de não fazer nenhum esforço. A preguiça pode
ser responsável por atos como o de filhos que não obedecem aos pais
ao receberem uma tarefa.


- A avareza não é apenas o apego ao dinheiro, mas ao objeto. Na
sociedade contemporânea trans-formamos esse pecado no traço
fundamental da cultura ocidental capitalista, levando à fragmentação
das relações e à diluição das referências simbólicas, avaliou
Bezerra.


Enquanto o pecado da avareza foi o mais execrado, o da gula foi o
mais defendido, mesmo porque é o pecado mais assumido.


Acerca da Avareza, destacamos duas sentenças que julgamos bastante
elucidativas do pensamento do Aquinate. A primeira é a 51: "O avarento não é útil para os outros nem para si mesmo, pois não se atreve a gastar nem sequer consigo mesmo (II- II 118, 8, ad 4)". 


(p.131) A segunda é a 52: "E assim se diz que a avareza é a raiz de
todos os males, não porque todos os males sempre nasçam dela, mas
porque não há nenhum que não possa, por vezes, dela nascer." 


(p.131) Estas sentenças explicitam a preocupação de Aquino com o homem
enquanto pessoa voltada para a sociedade. Não serve à sociedade quem
não cuida de si nem dos outros. Para além disso, ele nos chama a
atenção para o fato de que a avareza é a geradora de grande parte
dos males que atingem os homens. (T. Aquino)

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Sete Pecados Capitais - Avareza
por Rosemeire Zago
Pão duro possui visão distorcida da vida

Neste artigo irei falar sobre a avareza, para dar seqüência à série de artigos sobre "Os Sete Pecados Capitais": gula, soberba, luxúria, avareza, preguiça, ira e inveja.
Avareza vem do latim avere. Segundo o dicionário Aurélio, avareza significa excessivo e sórdido apego ao dinheiro; falta de generosidade e mesquinhez. Entende-se por sórdido quem denota o emprego de meios degradantes e baixos para alcançar um fim. Você conhece alguém assim?

Convivemos diariamente com pessoas que cometem esse pecado capital. A avareza pode gerar outras atitudes negativas: a desumanidade derivada do excesso de apego, a inquietude que impõe preocupações e cuidados excessivos, proveniente da necessidade de juntar bens para si. Está ainda relacionada com os enganos, a falsidade e a mentira, na tentativa de enganar para lucrar. Segundo o conceito cristão, o homem se preocupa em acumular bens que não conseguirá levar para o céu (paraíso). O lema de quem comete a avareza é: "Quanto mais tenho, mais quero". 


Avareza no trabalho

No trabalho podemos encontrar essa característica em líderes "avaro" em relação à comunicação, levando ao slogan: "Não tenho confiança em ninguém", monopolizando as informações que lhe chegam às mãos, por não conseguirem lidar com a diversidade, com a transparência, entrando num clima defensivo. Assim, não "conseguem" comunicar-se com a equipe, que acaba por não compreender as idéias e instruções, pois na verdade, não são passadas claramente, onde o líder deseja deter a informação para si, provocando deturpações e conflitos nas tarefas do dia-a-dia. A equipe tende a perder a confiança nas decisões e atitudes do líder. Em termos de gestão de pessoas podemos apontar a tendência à centralização como gesto avarento nas organizações. 

Avareza define-se ainda como estar excessivamente apegado a alguma coisa levando a um grande medo de faltar, uma percepção de escassez; que pode ter sua origem na infância, onde quando crianças passaram muitas privações, sendo muito comum a privação alimentar. Podemos verificar isso em pessoas que sempre fazem ou compram comida mais do que o necessário, com medo, ainda que inconsciente, de faltar. Outra reação muito comum é não permitir que ninguém, principalmente as crianças, deixem comida em seus pratos, obrigando-as a comer tudo que foi colocado. Tudo isso pode gerar adultos que comem em excesso, cometendo outro pecado capital: a gula.

A avareza é o produto de uma necessidade que se encontra na intimidade da psique (mente) humana. Ela tenta disfarçar o conflito com a busca de bens, mas nunca consegue suprir a sensação de carência, sendo um dos fatores que faz com que a pessoa sinta uma insatisfação constante, buscando cada vez mais adquirir bens, acreditando que com a próxima conquista sentirá satisfação, o que nunca ocorre.

O dinheiro pode passar a ser ainda uma fonte absoluta de poder, pois em muitas famílias e na sociedade como um todo, quem ganha mais parece ter o direito de reivindicar sua autoridade e poder, o que também leva à soberba (leia mais), outro pecado capital.

A riqueza pode ser um dos instrumentos com o qual se manipula as pessoas, controlando-as e fazendo-as agir do modo muito distante do que na verdade desejam. Em muitos casos pode até influenciar a escolha da profissão, fazendo com que a pessoa busque uma profissão tida como tradicional e de maior valorização social, em detrimento de sua vocação interna, sem se dar conta que ao longo do tempo, poderá ser mais uma fonte de insatisfação.

Há casos, ainda hoje, em que muitos casais se casam não por amor, mas para se unir a alguém que lhes proporcione um status social, um nome, uma posição, sem levar em conta os reais sentimentos da alma. 

É uma falta de contato com o mundo interno, gerando uma busca incessante por tudo que é externo, pois acredita que dentro dela não há nada, como se houvesse um imenso vazio que só poderá ser preenchido por algo que venha de fora. O que gera a necessidade de ostentação, ou seja, a ilusão de querer ter êxito diante do mundo e não dentro de si mesmo. A ilusão nada mais é do que uma defesa contra uma realidade amarga. Embora, possa poupar das dores momentaneamente, ao mesmo tempo, torna prisioneiro da uma verdade que nem sempre corresponde com a realidade.

Quase sempre desenvolvemos a ilusão na infância, com pais, professores, parentes, como sendo reais ensinamentos de que o dinheiro compra tudo e todos e que, com o passar do tempo, se tornam crenças que inconscientemente seguimos. Por exemplo, uma pessoa com baixo padrão de vida, que na infância presenciava muitas brigas dos pais e, que nos finais de semana ou em período de férias, passava na casa de um amigo ou parente, cujo ambiente era acolhedor, tranqüilo, de muita harmonia entre as pessoas, e com um padrão de vida um pouco melhor; quando adulto, poderá relacionar que o dinheiro é que proporcionava paz e harmonia, fazendo de tudo para encontrá-la através das posses materiais. O que é pura ilusão.


Afeto X dinheiro

Ainda há muitas pessoas que agem em função dessa crença e acreditam que o amor, o carinho, a atenção, a presença constante, podem ser facilmente substituídas por roupas caras, carros importados, uma linda casa, freqüentar os melhores restaurantes, viagens constantes, como se isso fosse suprir o amor não recebido. Tudo isso só gera adultos que cometem, ainda que inconscientemente, não só esse pecado capital, como ainda a soberba, o orgulho, a vaidade e a luxúria. 

A avareza gera ainda uma preocupação com rótulos, pois como se importa com a opinião dos outros de maneira exagerada, ainda que a negue, há uma necessidade de mostrar sua capacidade através de aquisição de bens materiais, como a importância por suas posses e propriedades, como se isso mostrasse sua real capacidade.

Viver em busca de bens materiais é valorizar e viver em função do externo, pois não acredita ter algo dentro de si mesmo. Isso pode criar muitas ilusões e fantasias acreditando que quanto mais obtiver, mais felicidade encontrará, como se a posse material fosse o suficiente para proporcionar felicidade.

Pessoas que dão valor excessivo aos bens materiais precisam acreditar que são superiores para compensar um profundo complexo de inferioridade e a crença na falta de sentido em que vivem.


Relato de Jung

"Vi muitas vezes que os homens ficam neuróticos quando se contentam com respostas insuficientes ou falsas às questões da vida. Procuram situação, casamento, reputação, sucesso exterior e dinheiro; mas permanecem neuróticos e infelizes, mesmo quando atingem o que buscavam. Essas pessoas sofrem, freqüentemente, de uma grande limitação do espírito. Sua vida não tem conteúdo suficiente, não tem sentido. Por esse motivo a idéia de desenvolvimento, de evolução tem desde o início, segundo me parece, a maior importância".

Jung nos mostra nesse relato, a importância em se buscar o sentido da vida, que com certeza não é adquirido através da aquisição de bens. Somente quando o homem tomar consciência do seu próprio mundo interior, poderá deixar a doentia preocupação com as aparências e com a conseqüente frustração gerada pelo vazio causado na busca desenfreada pelo mundo externo e, nesse momento, poderá encontrar o sentido da sua própria vida.

http://www2.uol.com.br/vyaestelar/avareza.htm

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