quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

MENTIRA


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Satsang de Prem Baba  em 06 de março de 2011 - India
          
A mentira e as matrizes do eu inferior como mecanismos de defesa.
Eu vou retornar os discursos com bases nas perguntas que chegam aqui.
Questão: Eu estou me tornando mais e mais consciente das minhas mentiras;  eu me sinto doente; percebi que minto 24 horas por dia. Eu sou uma completa mentira; estou em total desarmonia com o meu Ser interno; ao meu redor somente vejo mentira, especialmente com pessoas espiritualizadas. A gente passa o dia mentindo, fingindo e dando os falsos namastês. Eu sei como isso funciona. A consciência da falsidade vai passar e eu vou continuar na mentira sem saber disso. Eu vou voltar a jogar o jogo do falso novamente. Do contrário, como poderia ser parte da sociedade? Eu me pergunto, como seria parar de mentir, fingir que sou legal, amoroso e que me preocupo com o que os outros tem a dizer? Ou mesmo parar de sorrir, quando encontro alguém que conheço?  Acho que todo o meu mundo iria desmoronar. Eu iria parar de falar completamente e parar de interagir com os outros. Eu tenho muito medo de me sentir sozinho. Qual é a melhor maneira de lidar com essa situação?
Prem Baba: A verdade e a mentira sempre andam lado a lado. Nesse momento, você está em choque, com a percepção da dimensão da complexidade e da astúcia da matriz da mentira. A mentira é a nona matriz do “eu” inferior. Essas matrizes evoluem em sutileza e complexidade, obedecendo a uma ordem. A primeira é a gula, que é a mais densa e visível. Depois vem a preguiça, a avareza, a inveja, a ira, orgulho, luxúria, medo e finalmente a mentira. Existe um aspecto da mentira que também é bastante visível; uma mentira palpável, que é aquela que você conta para o outro para ser aceito, ser importante e especial. Mas, existe uma camada muito sutil da mentira, que é o autoengano, que é você acreditar ser o seu nome, a sua história e o seu corpo. Esse autoengano é tão enraizado e tão profundo, que se faz necessário algumas vidas para você despertar.
Todas essas matrizes do “eu” inferior, são mecanismos de defesa criados por você, para se proteger dos choques vividos ao longo da vida. Esses mecanismos ficam guardados no seu sistema e, quando você é machucado, você os aciona, assim como uma planta ou um animal, que segrega um veneno para se proteger.
O ser humano tem esses nove tipos de venenos, que usa para se proteger quando é atacado. Mas, diferente dos animais irracionais e dos seres do reino vegetal, que segregam o veneno, somente no momento em que são atacados, quando o ser humano aciona esse mecanismo de defesa, este fica acordado no sistema. Esse veneno fica atuando, porque a mente ficou fixada no choque. Emocionalmente e mentalmente, você fica paralisado na cena do choque que aconteceu no passado. Portanto, o veneno é acionado e fica fluindo no seu sistema. Algumas vezes, você está consciente dele, outras não. Você toma consciência dele, quando alguma situação do seu dia a dia te remete àquela fixação.
Esse veneno, que é a mentira, funciona como uma venda, que nos impede de perceber a realidade de quem somos e a realidade que está ao nosso redor. Você começa a retirar essa venda, quando descobre que esta usando a venda, portanto, por mais desconfortável que seja esse seu momento, ele é um momento abençoado. A graça divina está possibilitando que você perceba que, existe esse véu cobrindo os seus olhos e, isso possibilita que você possa retirá-lo. É claro que existe um preço a ser pago por retirar a venda, que é se acostumar com a luz do sol nos seus olhos. Nesse primeiro momento, em que você está querendo tirar a venda, você está em choque com o que está percebendo e, isso faz com que a mentira não se dissipe por completo. Você não está ainda podendo olhar a realidade de forma objetiva. Porque, quando você olha objetivamente, você vê a mentira, mas também vê a verdade.
Toda a entidade humana em evolução está manifestando a mentira, mas também está manifestando a verdade. O seu desafio é aceitar o ser humano nessa condição. É você olhar para o outro e enxergar a verdade, que está em algum grau se manifestando. A verdade, na forma da vontade de acordar; na forma da amizade, do amor, da honestidade... que muitas vezes é manifestada em algum grau. O desafio é também olhar as mentiras e as imperfeições, ou seja, todas as matrizes do “eu” inferior, que estão se manifestando naquela entidade e, entender que ela está somente precisando se proteger, porque em algum grau, ela está se sentindo ameaçada. Ela foi machucada e esse machucado acordou esse veneno. O seu desafio é amar essa entidade, mesmo manifestando essas imperfeições. Mesmo que essa entidade seja você. Esse é um desafio no caminho iniciático. Você começa a constatar tais imperfeições no seu sistema e ver a dimensão dos seus apegos; da sua avareza; da sua luxúria; do seu orgulho; do seu medo e da sua mentira e começa a se sentir um monstro indestrutível. Você começa a achar que não há saída. Esse é um desafio a ser atravessado.
Em algum momento da jornada, você passa por esse confronto com a sua sombra. Mas, é importante que você saiba que esse é somente um aspecto da sua personalidade. Essa não é a sua realidade final. Você não é o “eu” inferior. Esse é apenas um aspecto que você somente vai integrá-lo, quando puder compreendê-lo. É necessária muita firmeza e determinação para lidar com esses aspectos, mas é necessária também, muita compaixão e paciência com eles. Eles são efeitos especiais no seu processo de evolução e estão também a serviço de te ensinar alguma coisa. Tudo é sagrado; tudo faz parte do jogo.
É importante que você possa olhar para si mesmo e para o outro de forma objetiva. O que significa você enxergar a luz e a sombra e, poder aceitar que isso é somente um aspecto da realidade espiritual e poder amar assim mesmo. Então, quando você olha para o outro e encontra algum erro; uma matriz do “eu” inferior se manifestando; então se você vê a pessoa se defendendo através dessas matrizes, procure perguntar a si mesmo: será que eu mesmo não tenho esses defeitos? Será que eu não tenho defeitos piores do que esse? Será que o outro não tem qualidades que eu não estou vendo? Qualidades que não tenho? Assim você vai lentamente quebrando essa oposição a sombra do outro.
Quando você começa a perceber essa sombra em si mesmo, pergunte-se: será que isso é tudo que eu sou? Se eu abrir mão desse aspecto, será que não sobra nada? Se eu abrir mão dessa mentira, o que sobra? Será que eu sou mesmo essa mentira? Será que isso é tudo que sou; uma máscara?! E se eu abrir mão disso, o que sobra? Só pelo fato de você poder fazer essa pergunta, você já está criando alguma distância entre você e o aspecto. Você já começou o processo de desidentificando, porque já está podendo fazer uma pergunta sobre ele. Quem faz a pergunta? Não é o aspecto, mas o seu “eu” consciente, o seu centro observador. Fazendo isso, você vai experimentar uma sutil, mas muito significativa mudança no seu sistema, porque você iniciou um processo de desidentificação.
Estar identificado significa se tornar o aspecto. Quando você está tomado pelo ciúme, você é o ciúme. Mas, se você se pergunta: será que eu sou mesmo esse ciúme, essa tristeza, essa carência? Isso é tudo que sou? Se eu abrir mão disso, será que não sobra nada? Durante um momento, talvez você acredite mesmo que não sobra nada, porque você está tão identificado, que acredita que a única saída é a morte. Alguns se matam e descobrem que não adiantou para nada, porque do outro lado as coisas podem ser mais difíceis ainda. Às vezes, você está acreditando que é aquele aspecto. Isso significa que você foi tomado por ele. Você acredita mesmo que não tem saída; que não tem esperança. Você acredita ser aquele aspecto. Eu volto a dizer que isso é somente uma ilusão. É mais um aspecto da mentira te cobrindo a visão.
Nesse momento, continue focando na auto-observação e, procure fazer essas perguntas que estou sugerindo. Assim você vai conseguir se distanciar, pelo menos um pouco dessa atuação e, poderá perceber que ela é somente um veneno que o seu sistema espargiu, porque está se sentindo atacado. Então, você vai procurar tomar consciência, do quê fez com que você se sentisse ameaçado. Procure olhar objetivamente para essa situação.
Aqui você está dizendo, que o quê talvez esteja fazendo você sustentar esse veneno da mentira, é a ameaça da solidão; é o medo de estar sozinho, porque você tem uma crença, de que isso vai acontecer e outra crença, de que ficar sozinho é ruim. Ambas as crenças, de que você vai ficar sozinho se falar a verdade e, que ficar sozinho é ruim, são uma mentira. E como você fica livre da mentira? Enfrentando e se permitindo retirar a máscara; experimentando não usar esse veneno e lidar com os sentimentos que emergirem, fazendo uso dessas perguntas que estou sugerindo.
Assim, você vai pouco a pouco, voltando a atenção para o seu centro. Assim, você vai pouco a pouco, atravessando essa camada de ilusão. Você vai integrando essa matriz do “eu” inferior que é a mentira. Enquanto essa matriz não for completamente integrada, você não pode ser espontâneo; você não pode ser livre; você não pode ser você mesmo. E se você está tomado pela mentira, você vai ver mentira em tudo. Se você está tomado pela luxúria, é claro que você verá luxúria em tudo, porque esses aspectos funcionam como lentes coloridas e você enxerga tudo naquela cor.
Uma pessoa santa vê tudo sagrado. até mesmo os venenos que a pessoa está espargindo. Você não deixa de amar a pessoa, porque ela está com raiva de você, ou porque está manifestando um mecanismo de defesa. A pessoa está querendo te matar, mas porque você vai deixar de amá-la por causa disso? Quanto maior a atuação do “eu” inferior, que é sinônimo de dizer quanto maior a maldade, maior é a dor que a pessoa carrega.
Quanto mais ela está atuando numa defesa, maior a sua dor e mais identificada com o choque que levou. Ela está mais necessitada da sua atenção e do seu amor. Ao mesmo tempo, ela faz de tudo para repetir a cena em que foi rejeitada. Ela vai fazer de tudo para botar você para longe, para você rejeitá-la e maltratá-la. Ela está precisando exatamente do oposto, de acolhimento.
Veja o tamanho do desafio, para o curador que está comprometido com a cura espiritual. Embora alguns, estejam dharmicamente trabalhando com a cura, ou seja, de uma forma intencional e objetiva, eu digo que todos vocês que estão trilhando o caminho do coração, são de alguma forma, curadores. Você começa curando a si mesmo, tratando das suas feridas, aceitando que muitas vezes você precisa usar esses mecanismos de defesa para se proteger. E, devagar, você vai compreendendo que, assim como você faz isso, o outro também faz. Então, você começa a irradiar essa energia de compreensão, acolhimento e aceitação para quem está ao seu redor.
Devagar, você começa a eliminar o aspecto que mais provoca o veneno e a doença, que é o julgamento. É o julgamento que gera exclusão. Assim como você julga a si mesmo e exclui partes de si mesmo, tornando-se separado, você também julga e exclui pessoas que estão manifestando seus venenos. Então, quando você pode compreender o jeito que funciona, e se conhece o suficiente, você também começa a conhecer o outro, porque somos iguais. Nós somos diferentes somente na superfície. Quanto mais profundos, mais iguais somos. No centro, no núcleo do nosso Ser interior, nós somos um só. O Atman é um só, que age em todos os corpos e fala em todas as bocas. E nos níveis mais superficiais, nas camadas da personalidade, também somos iguais. Você abre mão do julgador e esse é o principal instrumento de cura.
Por que você sente atração por mim? O que faz você viajar de tão longe para ficar comigo? Sabe por quê? Porque eu não te julgo e porque te amo do jeito que você é. Eu te aceito exatamente do jeito que você é. Você vê o poder de união que isso provoca? Esse é um dos principais instrumentos de cura.
Aqui tem uma questão nessa mesma frequência: “Amado Prem Baba, ao fazer o exercício proposto, deparei-me com um grande orgulho, um cruel julgador, que se alimenta todas as vezes que aponta os defeitos do outro, fazendo-os sentirem-se inferiores e inadequados. E também percebo esse mesmo jogo em relação a mim mesma. Por favor, ajude-me a clarear esse ponto, para que eu encontre uma maneira de quebrar esse ciclo de julgamentos e, dê espaço para a humildade brotar no meu coração”.
Um ponto fundamental a ser compreendido é justamente esse: É tudo mentira. (risos) É mentira que o outro é menos, que o outro é mais. É tudo mentira. Quando você se percebe tomado pela mentira, dê uma chacoalhada e espante-a. Dê uns pulos e diga “acorde desse sonho!” Isso é apenas um sonho ruim, não é verdade.
Do que você está se protegendo? Do que você precisa se proteger tanto? A mentira faz você acreditar que você não é bem vindo. Ela faz você acreditar, que não há espaço para você e que você vai se machucar, porque você carrega esses condicionamentos na sua mente. Em algum momento, você foi machucado e continua repetindo isso. E é a sua mente condicionada, que faz com que você repita. A mente é como uma árvore de realização dos desejos. A mente realiza todos os seus desejos, os bons e os ruins. Se você deseja ser maltratado, é claro que você vai atrás dos maus tratos. O que acontece é que, muitas vezes, você quer ser maltratado e não sabe. Você não sabe que está reeditando a sua ferida infantil na idade adulta, porque a sua mente está fixada naquele ponto.
Eu digo que a saída é muito mais simples do que você imagina. Se você acredita em lobisomem, ele aparece para você. Se você pode aquietar a sua mente, todos esses fantasmas desaparecem. Um instante de silêncio é suficiente para exorcizar todos os demônios. Porque os demônios são os pensamentos. Se há um pensamento que foi muito alimentado, é porque você deu muita atenção para ele, ou seja, acreditou muito nele, talvez ele tenha um pouco mais de força. Talvez seja uma escuridão muito antiga, mas não importa quão antiga ela seja. Se há uma pequena fresta de luz, a escuridão acaba, porque a escuridão é somente a ausência de luz. O silêncio invoca a luz. O silêncio dentro. Quando a mente se acalma, tudo se acalma. Quando você elimina o tempo psicológico da sua mente, colocando-se aqui e agora, todos os terrores desaparecem. No momento presente, só existe a verdade do Ser que é luz e amor. O pensamento compulsivo também é um mecanismo de defesa. Vagarosamente, você vai perdendo o medo do êxtase de sentir-se unido ao todo.
Eu estou propondo um método bem simples, que é somente sentar aqui para estarmos juntos por algumas horas. Isso é o suficiente. Boas companhias, boas conversas. De repente “ah! Compreendi!”. Há momentos em que o ego cochila e você tem acesso à verdade. O que pode te ajudar também, é que você esteja se lembrando de si mesmo durante o dia. Pergunte-se: Onde estou? O que estou fazendo? Quem habita esse corpo? Um instante de silêncio é o suficiente para te tirar do vale da sombra e da morte. Um instante pode te tirar do inferno.
Tudo que eu transmiti, a respeito de como lidar com os mecanismos de defesa, é somente um caminho, uma estratégia, para que você possa aquietar a sua mente. É um caminho, para que você possa chegar ao centro do silêncio. Porque, nesse centro, não há sofrimento; não há julgador nem julgado, porque nesse lugar, o “dois” ou a dualidade desaparecem. E quando a dualidade desaparece, desaparecem as perguntas. O julgamento desaparece. Só existe compreensão e bem-aventurança.
Prem Baba canta:

Eu te dou eu te dou
É com carinho e com amor

Quem mandou quem mandou
Foi a Divina Luz de Amor

Eu te digo para ti
E para os outros tu dizer

Quem estiver dormindo acorde
Que o tempo já chegou

Aquele que ficar dormindo
Fica sem ter a Luz de Amor


Dormindo, significa identificado com a Maya do Senhor; identificado com os mecanismos de defesa, com a mentira de que você é uma gotinha separada do oceano. Uma gotinha, que precisa se proteger das outras gotas e, às vezes, precisa atacá-las e disputar com elas.
Que cada vez mais, possamos nos tornar experts na alquimia de transformar o sofrimento em alegria.
Até o nosso próximo encontro.
NAMASTÊ

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          A    MENTIRA      

        contribuição de Sonia Vipassana

           Mentirosos compulsivos têm cérebro diferente

30 de setembro, 2005 

Mentirosos compulsivos têm cérebro diferente, diz estudo
Os cérebros dos mentirosos compulsivos são diferentes dos cérebros das pessoas sinceras, afirma um novo estudo.

Uma equipe da Universidade da California do Sul estudou 49 pessoas e descobriu que os pacientes que eram mentirosos patológicos tinham 26% a mais de massa branca no cérebro que os demais.
A massa branca atua na transmissão de informações, enquanto a massa cinzenta as processa. Os pesquisadores acreditam que a existência de mais massa branca no córtex pré-frontal estimula a mentira.
Já o British Journal of Psychiatry afirmou que é provável que haja outras diferenças nos cérebros dos mentirosos.
Grupos de pesquisa
O estudo foi realizado com voluntários recrutados em cinco agências de empregos temporários em Los Angeles.
Eles foram divididos em três grupos. Um era formado por 12 homens e mulheres com histórico de serem mentirosos patológicos. O segundo grupo, com 21 pessoas, reunia voluntários sem retrospecto de mentiras ou comportamento anti-social.
Já o último grupo contava com 16 pessoas com histórico de comportamento anti-social, mas sem o costume de contar mentiras compulsivamente.
Eles foram analisados para que se pudesse observar se seus cérebros possuem a mesma conformação que os dos mentirosos.
Os cientistas mediram a quantidade de matéria branca e cinzenta no córtex pré-frontal do cérebro dos voluntários por meio de exames de ressonância magnética.
Os mentirosos tinham entre 22% e 26% mais massa branca que os integrantes dos outros dois grupos.
Trata-se do primeiro estudo a apresentar diferenças cerebrais em pessoas que mentem, enganam ou manipulam os outros, disseram os pesquisadores.
Eles dizem que a ligação entre a massa branca e a personalidade ludibriadora pode ser decorrência do fato de que a massa branca aumentaria a capacidade cognitiva da pessoa para que minta.
Na opinião de Cosmo Hallstrom, um psiquiatra de Londres, "a questão é sempre quanto de nosso comportamento se baseia em controle voluntário e quanto é inato".
"A descoberta de anormalidades cerebrais reforça a idéia de que um forte componente dessas dificuldades talvez esteja pelo menos em parte além do controle da pessoa", acrescentou.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2005/09/050930_mentirososms.shtml
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A MENTIRA ......... Mecanismo de Defesa e suas razões..

(Uma breve compreensão)

.....(Após haver tomado conhecimento do artigo publicado no Jornal do CFP onde se encontram mentiras e calúnias lançadas sobre a imagem da SPOB)
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A mentira defronta-se quase sempre com os seres que enfrentam os supostos "demônios internos", paranóides, delirantes que com seus mecanismos de defesa – Negação, Projeção e Introjeção – expurgam suas catexias (energias).
"O objetivo evidente da mentira é fazer com que os outros acreditem numa coisa que é falsa, ou que acreditem ou duvidem de uma coisa que é verdadeira; o objetivo da mentira habitual, porém, talvez seja, inconscientemente produzir o mesmo efeito no mentiroso. (Negação!). A tentativa de convencer alguém da realidade daquilo que é irreal visa a possibilidade de também serem errôneos alguns dados angustiantes de sua memória. A pessoa que é enganada, serve de testemunha na disputa entre a memória (angústia) do indivíduo e a tendência a negar."
Relacionando-os:
1. A Negação
Segundo Freud ‘a negação’ das percepções, das sensações dolorosas e fatos desagradáveis talvez representem compromisso entre a conscientização dos dados que a percepção forma e a tendência a negar.
Não é raro ver alguém executar uma espécie de gesto e pensamento mágico (batendo na madeira – ‘para isolar’) declarando: ‘Ainda bem que há muito tempo não sinto dores de cabeça’. Na verdade a declaração verdadeira de seu inconsciente é: ‘Pressinto que a dor de cabeça está por vias de retornar, pelo que já demorou o suficiente, mas ainda consigo negá-la’.
A capacidade de negar (não aceitar) alguns fatos da realidade, que parecem desagradáveis e que ferem o ego frágil, diminuto ou de pouca elasticidade, é contrapartida da ‘realização alucinatória dos desejos’.
As crianças, naturalmente, negam por vezes a verdade no jogo e em suas fantasias. É também natural em nós adultos normais subsista alguma coisa desta negação, da capacidade de fantasiar, quando se defronta com uma verdade desagradável, utilizando-se desse mecanismo de defesa para ser capaz de desfrutar por alguns momentos do alívio e refúgio que proporcionam ‘os sonhos acordados’, uma breve fuga da realidade.
O ego fragilizado , ferido pela inveja e supostamente diminuído de suas qualidades de criações, por exemplo, é capaz de negar a existência de algo que outro semelhante possa havê-lo feito. Passando então essa criatividade a ser atacada como uma verdadeira ameaça ao seu frágil ego, negando-a, fantasiando que ela não existe no real sentido: ‘Nego (minto – faço de conta) para que todos acreditem e sirvam-me de testemunhas em minha disputa interna, entre minha própria memória (consciência) e minha tendência a negar – minhas próprias angústias.
No entanto, se a função do ‘juízo da realidade’ estiver seriamente transtornada – psicoses – nos adultos, estes mostrarão sérias negações vitoriosas. Exacerbando nas negações (mentiras e fantasias).
Já nos neuróticos, isto se observa em menor grau, que é capaz de ‘fazer de conta’ que a verdade não existe mesmo em sabendo de sua existência. Assim como o fetichista, conhecedor da anatomia dos genitais femininos, em seus sintomas neuróticos, procede como se as mulheres tivessem pênis. (ex. pés femininos).
2. A Projeção
A projeção é essencial no estágio citado por Freud: ‘do ego prazeroso purificado’, estágio precoce do desenvolvimento do ego, onde tudo que for prazeroso se experimenta como pertencente ao ego (um objeto a se engolir) e tudo quanto for doloroso, do não-ego (um objeto a cuspir-se).
Nas psicoses e na primeira infância, a linha que separa o ego do não-ego ainda não é bem definida, delineada.
São utilizadas também as funções excretórias como modelo físico da projeção, sendo muito comum fantasiar a remoção de um objeto importuno do corpo do mesmo modo como se eliminam fezes.
Em casos de paranóias, a projeção pode chegar ao cúmulo, ao clímax, no delírio de perseguição, onde o perseguidor projetado no ‘outro’ representa suas possíveis sensações intestinais. O indivíduo prefere pressentir os perigos como ameaças externas do que sendo realmente suas (internas), dirigindo-se então à algum ponto da realidade, esquecendo-se o paranóico do seu próprio inconsciente.
Dessa forma pode-se entender que:
‘Os monstros do delírio paranóide e dos sonhos manifestos, podem ser a distorção de um micróbio da realidade ou de um simples plâncton sub aquático.
Lembrando que nos neuróticos, isto ocorre mais alternadamente, falsificando a compreensão da realidade momentaneamente no intuito de atender provisoriamente as suas necessidades inconscientes.
Ora, sendo assim, pode ocorrer que, uma suposta ameaça que vem de fora, então nestes casos, toma as proporções monstruosas e assustadoras ante ao ego fragilizado dos que por ela se sentem ameaçados.
Em sendo doloroso, o sucesso de outrem, projeta-se nele a distorção da realidade e excretam-se fezes na tentativa de uma maculação e expulsão paranóide.
3. Introjeção
A introjeção serve ao ato de significar a expressão de afirmação ao engolir, tomar para si, um objeto. Quando bebê, cremos que o seio da mãe nos pertence, é parte do nosso corpo.
Embora essa incorporação expire ‘amor’, ela destrói o objeto, tornando-o como coisas independentes do mundo exterior. Aprende então o ego a utilizar a introjeção com finalidades hostis, como executora de seus impulsos destrutivos (morder o seio da mãe). É o seu mecanismo de defesa.
O tipo mais primitivo (na infância) de relação objetal é a identificação realizada através da introjeção. Identifica-se com o objeto introjetando-o . Se deparar com dificuldades ante a essa introjeção, ela é capaz de regredir a identificação. Toma-se para si o seu poder, realiza-se a sua posse, fantasiosamente passa a lhe pertencer o ‘objeto dos seus desejos’.
Posteriormente, nos adultos, o ego amansado pode vir a utilizar desse procedimento primitivo como mecanismo de defesa com a mesma finalidade.
Egos fragilizados, considerando-se feridos tentam então introjetar, tomar posse do que dizem ‘amar’, engolindo o objeto, tirando então sua independência do mundo exterior. Supõe que o objeto não pode ser independente de uma classe, tomando-o para si, introjetando-o, ‘negando’ a realidade.
4. Alucinações e Delírios
As alucinações são realizações de desejos, se constituem por elementos de sensações perceptuais. É a tentativa de substituir as partes perdidas da realidade embora seja como conter elementos desta realidade repudiada (que retorna) e impulsos rejeitados juntamente com as exigências projetadas do superego, ao passo que os delírios são constituídos de idéias mais complicadas e muitas vezes sistematizadas, elaboradas.
São os delírios os falsos juízos da realidade, baseados na projeção eles possuem a mesma estrutura das alucinações e diferem desta por conter caráter penoso e apavorador.
Um exemplo fácil de reconhecer nos estados alucinatórios agudos, se desenvolvem após traumas definidos em função de operações de amputação (partos também): Uma pessoa que tem um membro amputado e que é capaz de desenvolver uma psicose aguda onde nega a amputação e, ainda imagina possuir o membro sadio.
O que ocorre, nos estados alucinatórios, é que não sendo capaz de livrar-se totalmente da sensação ou percepção desprazerosa, projeta e alucina suas próprias deficiências nas pessoas com quem convivem ou quem lhe rodeiam, na sociedade.
Nos psicóticos esse tipo é provindo das ‘realizações de desejos’, pelo abandono do juízo da realidade. Nessas condições, o psicótico foge ao conflito com a realidade (que lhe dá desprazer e angustia) pela negação desta. Não ‘reprime’ o impulso instintivo que lhe conduziu ao conflito e sim as percepções que lhe oprimem os desejos.
A ruptura com a realidade é o retorno à via regressiva, de forma que se retrocede àquele estado em que se realizam os desejos alucinatoriamente, quando então vivia antes de adquirir o senso, a capacidade de julgamento, da realidade.
O ego falsamente enseja ‘não o amo, eu odeio-o’, em autodefesa à ameaça externa. Posteriormente transforma o ‘eu o odeio’ em ‘ele me odeia’, assim, o ódio que se sente é racionalizado em ‘eu o odeio porque ele me persegue’. Transformando essa perseguição, em terrível ameaça, independente de sua vontade, em representante da tentação.
Destruindo então o ‘juízo da realidade’ essa defesa mal sucedida de tentação, procede seu caráter delirante. Incluso, aí, todas as características dos níveis mágicos e arcaicos (da infância), correspondendo a forma e o conteúdo do delírio, à regressão profunda.
O ódio nunca é ligado ao acaso e sim em algo que tem base na realidade.
Os indivíduos que possuem idéias persecutórias são muito sensíveis às críticas e inovações, que servem como base real para seus delírios, as quais muito distorce para servir a esse fim. Tais como aqueles monstros do sonho que lhe ameaçam na vida cotidiana, assim o monstro do delírio paranóide, é um micróbio verdadeiro.
FINAL
O conteúdo (elaboração) da mentira se faz basicamente de Negações, Projeções e Introjeções, (incluindo delírios e alucinações nos psicóticos) com referências ao conteúdo, vivência e maneiras de lidar com a Realidade quando causam desprazer.
Pode se tratar de um mecanismo de defesa natural do inconsciente, quando em pessoas normais, as quais utilizam deste artifício inconsciente esporadicamente e equilibradamente. Muitas vezes, 'uma mentira' pode ser uma 'doce mentira', ocultando-se fatos traumáticos com a finalidade de desejar o bem ao seu semelhante. Outras, servem de auxílio à recuperação momentânea da auto-estima de alguns. Por vezes empregada como defesa de ataques hostis, pelo que a mentira é por si só, um mecanismo de defesa. Mas essencialmente sem hábitos, sem perversidade e sem máculas. Atentando para o fato de que a mentira não é só e simplesmente uma mentira, ela sempre traz consigo os componentes arcaicos.
Quem nunca utilizou este mecanismo de defesa?
Quem nunca precisou de uma mentira?
Será que sendo sincero sempre, transparente, não seríamos por muitas vezes, incompreendidos, ou magoaríamos muitas pessoas que amamos?
Entretanto, se a mentira for exacerbada, carregada de perversidade e hostilidade, com intuitos de destruir e/ou ferir, utilizada de forma rotineira ou cotidiana, utilizando-a costumeiramente, como forma usual de defender-se antes as suas angústias com delírios e alucinações, necessário se faz buscar suas causas em tratamento psicanalítico ou se for o caso, até mesmo psiquiátrico.
Afinal viver usualmente num mundo de fantasia, fazendo hábito do `sonhar acordado`, utilizar de perversidade, significa portar alguma forma de desequilíbrio para enfrentar a realidade, e, neste caso, precisa-se de ajuda para compreender, reconhecer e/ou aceitar aquilo (no inconsciente) do que se defende, do que se foge, do que lhe causa desprazer.
Faço aqui, neste final, uma referência aos grandes sábios, quanto a definição de mentira, com qual finalidade ela é utilizada e a suposição de quem a domina com maior propriedade ou maestria. Portanto, necessário se faz, ao utilizar a citação religiosa abaixo, que se esclareça sobre as adesões ou não à alguma crença para que se aceite citações de grandes mestres. Embora não se aprenda ou se incite religiosidade em estudos Psicanalíticos, sendo a religião ou crença isenta de críticas, por se tratar de particularidades pessoais de cada um, necessário se faz ouvir atentamente todas as opiniões, principalmente quando elas são, sem nenhuma dúvida, de fontes reconhecidas de sabedoria.
A religião que eu professe ou venha a professar, está, como já esclarecido, isenta de criticas, por se tratar de escolha pessoal. Ela não é produto de minha formação psicanalítica, pode ser até originária de minhas neuroses, mas nunca das de outrem. E, independente de qual seja a minha crença, aprendi a, pelo menos, tentar ouvir os grandes sábios e um deles afirmou categoricamente que: "A mentira exacerbada é coisa do Diabo, para enganar e seduzir, esta é a sua arma! (seu mecanismo de defesa?)".
E indago psicanaliticamente: O Diabo é uma figura paranóide, psicótica, porque mente, nega, projeta e introjeta exacerbadamente?
Em sendo ou não seguidora de alguma religião ou crença, utilizo agora minha lógica e lanço mão de um mecanismo de defesa, utilizando o 'pensamento mágico' , elaboro uma suposta prece:
Neste momento, recorro ao Grande Arquiteto do Universo para que me proteja dele. Afasta de mim tal ‘demônio’ com suas mentiras, alucinações e enganações! Agradecendo também cada dia que vivo sem as alucinações ou delírios que assolam por vezes meus semelhantes. Amém!



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